Parabéns ao Brasil por este projecto...
O
projecto Sirius prevê a construção de uma nova fonte de luz síncrotron no
Brasil até meados de 2018.
O director
do Laboratório Nacional de Luz Síncrotron (LNLS), responsável pelo projecto, António
José Roque da Silva, explica que o funcionamento do acelerador de partículas de
quarta geração é um salto para a ciência brasileira, com inúmeras aplicações em
áreas como biotecnologia, nanotecnologia, paleontologia e farmácia.
"É
uma área da ciência de larga escala, com um grande laboratório e infra
estrutura, que permite ao Brasil dialogar com os outros países em pé de
igualdade, uma coisa rara na ciência brasileira," disse.
A
Suécia começou antes do Brasil a construção de um acelerador de quarta geração
e vai ser o primeiro país a utilizar a nova técnica. Segundo Roque, a
tecnologia do Sirius é mais avançada. "Estamos à frente dos Estados Unidos
e dos países europeus".
"Com
a tecnologia disponível hoje, o equipamento nacional será o mais moderno do
mundo em luz síncrotron - ferramenta usada para estudar qualquer tipo de
material no nível atómico e molecular.
"Ele será dez vezes melhor que as
máquinas que operam hoje no mundo, de forma pioneira. É realmente uma
ferramenta incrível para o Brasil", garante o director do LNSN.
Acelerador
Sirius:
Enquanto
os protótipos finais de componentes da máquina de 518,4 metros de
circunferência são testados, o novo prédio de 68.000 metros quadrados, que vai
abrigar o acelerador e 40 estações de trabalho, está sendo construído em
Campinas, ao lado do actual LNLS.
Além
de ser um dos maiores, o Sirius também é um dos projectos mais caros da
história da ciência nacional, orçado em 1,5 bilião de reais. A maior parte do
projecto será custeada pelo governo federal, com o orçamento garantido pelo
Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
O
projecto foi citado nesta semana pelo editorial da revista Nature Photonics
como um dos principais investimentos de países em desenvolvimento na área.
"Novas fontes de síncrotron estão sendo encomendadas e construídas ao
redor do mundo, com ênfase em países em desenvolvimento.
Tendo em conta os
benefícios óbvios, a tendência é encorajadora," diz o editorial.
Luz
síncrotron:
O
acelerador é um grande equipamento que faz com que electrões circulem em velocidade
próxima da luz, dentro de uma espécie de tubo chamado anel de armazenamento.
Cada
vez que a trajectória desses electrões é desviada com o uso de ímãs, eles
emitem raios X, ultravioleta e infravermelho, a chamada luz síncrotron.
A luz
emitida é uma radiação de alto brilho, altamente focalizada. Essa luz é captada
pelas chamadas linhas de luz, que funcionam de forma parecida com microscópios.
"O
pesquisador selecciona a faixa de frequência de interesse, o raio X, por
exemplo, e incide sobre materiais, orgânicos e inorgânicos, como sementes,
plásticos ou proteínas. Com a luz síncrotron é possível estudar a estrutura da
matéria no nível de átomos e moléculas, verificando a composição e geometria
delas", explica José Roque.
Com a
nova fonte de luz síncrotron mais potente do acelerador Sirius será possível
usar técnicas recentes, como a tomografia de células, causando impacto
relevante nas áreas de biotecnologia, nanotecnologia e análise de materiais. A
tecnologia do Sirius é toda nacional e a maior parte dos componentes estão
sendo construídos no Brasil para estimular a indústria brasileira.
"Os mais de mil ímãs necessários para o Sirius,
extremamente sofisticados e de alta qualidade de fabricação, estão sendo
produzidos como resultado de uma parceria de mais de dois anos com uma empresa
de Santa Catarina. Poucos lugares do mundo conseguem produzir", afirma
Roque, acrescentando que parte dos componentes já está pronta e a expectativa é
começar a montagem do Sirius em Setembro de 2017 que deve levar cerca de nove
meses.

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