Todos os anos cerca de 250 mil caranguejos-ferradura são retirados do seu habitat na costa leste dos Estados Unidos e submetidos a um processo de extracção de sangue.
Além de valioso, o sangue é muito importante para a nossa saúde.
À primeira vista, a característica mais curiosa do sangue do caranguejo-ferradura (também conhecido como Límulo) é a sua cor azul. Ele é assim devido à presença da hemocianina para o transporte de oxigènio nas células sanguíneas, similar à nossa hemoglobina, mas baseada em cobre em vez de ferro.
Embora bonito, o que torna o sangue desses caranguejos valioso são as suas propriedades medicinais.
Um componente químico encontrado nos seus amebócitos consegue detectar e isolar contaminações por bactérias rapidamente (45 minutos, o que em humanos demoraria 2 dias ) e, mais importante, mesmo quando ela está presente em quantidades ínfimas até uma parte num trilião.
Esse material é usado para testar equipamentos médicos e vacinas.
Se alguma bactéria é encontrada, ele coagula e vira um tipo de gel, indicando a presença de bactérias.
Se não coagular, é sinal positivo para serem usados em nós.
Esse processo simples e quase instantâneo, chamado de teste LAL, evita muitas mortes por infecção.
Nos Estados Unidos, a FDA impõe esse teste a toda a indústria farmacêutica e de implantes cirúrgicos.
Infelizmente, a “doação” de sangue pelos caranguejos-ferradura não é tão simples quanto a feita por humanos.
Tanto que, após detectarem um declínio na população do artrópode na América do Norte, as cinco empresas responsáveis pela recolha de sangue implementaram mudanças: agora, elas colhem no máximo 30% do sangue de cada caranguejo-ferradura e devolvem-nos à natureza em seguida.
Mesmo assim, estima-se que entre 10 e 30% deles morra no processo, e entre as fémeas sobreviventes, foi constatado que a taxa de natalidade diminuiu.
Além dos benefícios à saúde humana, existe outro factor de peso: o valor financeiro do belo sangue azul dos caranguejos-ferradura.
Um litro chega a valer 15 mil dólares (apróx 12.300 euros) , o que faz dessa recolha uma indústria multimilionária. Existem pesquisas que buscam criar uma variedade sintética do elemento que nos interessa, mas ela ainda é bastante preliminar e precisa de mais tempo para ser desenvolvida.
fonte: IFL science
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