O
tempo, como conhecemos, move-se do passado para o futuro de forma irreversível.
Agora,
um trio internacional de físicos teóricos está sugerindo que há mais do que um
futuro.
Dois universos paralelos foram produzidos pelo Big Bang: o nosso, que
se move para a frente no tempo, e outro, em que o tempo se move para trás.
Nos
anos 1920, o astrónomo britânico Arthur Eddington cunhou o termo “flecha do
tempo”, que descreve uma direcção do tempo assimétrica e de sentido único.
Muitos físicos hoje aceitam que o tempo se mova na direcção do aumento da
entropia ( ou desordem, acaso, e até mesmo caos) num esforço para colocar um
equilíbrio entre todas as coisas.
De
acordo com essa seta termodinâmica do tempo, os eventos vão gradativamente
desmoronando.
Se for esse o caso, então o nosso universo deve ter começado num
estado inicial de baixa entropia e altamente ordenado.
Mas
por que houve esse raro momento de baixa entropia em nosso passado?
Uma ideia
centenária desenvolvida pelo físico austríaco Ludwig Boltzmann é que o nosso
universo visível é uma flutuação estatística temporária, de baixa entropia, que
afecta apenas uma pequena parte de um sistema de equilíbrio muito maior.
Julian
Barbour, da Universidade de Oxford, Tim Koslowski, da Universidade de New
Brunswick, e Flavio Mercati, do Instituto Perimeter de Física Teórica estão
introduzindo uma nova flecha do tempo, baseada não na termodinâmica, mas na
gravidade.
“O tempo é um mistério. Basicamente, todas as
leis conhecidas da física são exactamente iguais independentemente da direcção
que o tempo vá”, aponta Barbour.
Para
chegar a essa “flecha gravitacional de tempo”, eles usaram uma simulação de
computador de 1.000 partículas interagindo sob a influência da gravidade
newtoniana. Eles descobriram que cada configuração de partículas evolui para um
estado de baixa complexidade, como um enxame de abelhas caótico que se instala numa
estrutura mais ordenada análoga à flutuação de baixa entropia de Boltzmann.
A
partir daí, as partículas expandem-se
para fora em duas setas distintas, simétricas e opostas de tempo.
“Se
você olhar para um modelo simples com um enxame de abelhas no meio [do Big
Bang], mas indo nas duas direcções, então você diria que há duas setas de
tempo, apontando em direcções opostas do enxame de abelhas”, explica Barbour.
“Esta
situação de dois futuros exibiria um único passado caótico para os dois
sentidos, o que significa que haveria essencialmente dois universos, um de cada
lado deste estado central”, explica o cientista.
“Ambos os lados poderiam sustentar
observadores que perceberiam o tempo indo em direcções opostas. Quaisquer seres
inteligentes do outro lado definiriam as suas flechas do tempo como se
afastando desse estado central.
Eles pensariam que agora nós vivemos em seu
passado mais profundo”.
Fonte: Ifl Science
0 comentários:
Enviar um comentário